sexta-feira, 4 de julho de 2008

Crônica de um amor passado

Para Carla

Era texto. Ele a amou primeiro em texto, como a musa inspiradora de grandes olhos azuis. Ela se apaixonou pelo que ele escrevia. E os dois se amaram em letras, em parágrafos, em pontos, em vírgulas, em exclamações e em beijos de mentirinha.

Um dia, eles decidiram que o amor não cabia mais em papéis e páginas de computador: o amor cresceu, cresceu, cresceu... e de tão grande, pulou fora do imaginário dos dois; agora ele era praça, cinema, pipoca, chuva e guarda-chuva, beijos e petit-gateau aos domingos.

O garoto descobriu que a amava de todas as formas e jeitos e em todos os momentos: amava todas as palavras tímidas que ela dizia, o jeito que ela levanta a sobrancelha, todos os suspiros asmáticos, e amava o jeito dela descer escadas.

Então eles namoraram e foram felizes. Mais que felizes: eles pensavam da mesma forma e riam da mulher que os tratavam mal. Para ele, isso era o amor.

Mas tudo tem chega ao seu final. E o fim do amor deles chegou.
Tudo acabou: o namoro, os beijos acabaram, as segundas-feiras juntos acabaram, o filme acabou, a felicidade, o mundo. E o que sobrou? O texto, pois é só isso que ele sabe fazer. Ele é texto, é crônica.

2 comentários:

Leandro disse...

Esse texto foi pessoal, mas dane-se.
Acabou e pronto.

Tudo passa, até uva-passa, tudo muda, até bermuda - já diria o filósofo André.

Eu gostaria de dizer só mais uma coisa: não escrevo mais texto para mulheres, me cobrem isso, por favor.

Tchau.

Anônimo disse...

Sei que é zoado, mas minha amiga tem um bom ditado pra isso: "Na vida tudo roda, um dia a gente roda também". Se é que me entende, não é mais uma brincadeira de roda. Mas você pode chorar no meu ombro se quiser.