domingo, 24 de fevereiro de 2008

A briga no metrô e outras lembranças

Estava este pobre escriba esperando para subir em uma escada rolante na estação Brás do metrô, em São Paulo, quando dois homens começam (sem razão aparente) a trocar socos e pontapés. Capoeira, Judô, Karatê, Boxe, e todas as lutas conhecidas foram usadas pelos dois; eles buscavam ferir o outro da forma mais dolorosa, mais sangrenta.

A escada tava lá subindo, e a briga – cada vez mais violenta – descendo. Como eles conseguiam esta façanha da física eu não consigo imaginar, mas o fato é que estavam chegando perto de mim.

Como alguns de vocês sabem, sou magro. Não tenho biotipo (?) nenhum para artes marciais, muito menos para brigas. Enfim, se um soco perdido daquela batalha me atingisse eu estaria quase morto, ou pior, perderia algum dente. Ou, quem sabe, ficar com um olho roxo.

Eis que nesse momento crucial da minha vida, como se um filme passasse sobre meus olhos, recordei as três brigas que tive o desprazer de participar. Vamos a elas.


Briga número 1

Idade: 6 anos

Adversário: Washington (lindo nome!);

Motivo: como a maioria das desavenças entre homens tem a ver com futebol ou mulher, a nossa não poderia ser diferente. Ambos gostavam de uma garota chamada Laís. Aí, você, leitor esperto, já pode imaginar. Mas, se eu me recordo bem, tinha a ver com lugar que os dois sentariam a fim de estar mais perto da amada. Coisas de homens, saca?

Vencedor: Washington.



Briga número 2

Idade: 8 anos

Adversário: Júnior (meu companheiro de jornal na primeira série; hoje ele faz engenharia da computação)

Motivo: Eu perdi um gol na aula de educação física. Ele ficou zangado. Discutimos. Brigamos. Duas horas depois, aos goles de uma coca-cola xingamos juntos a inspetora do colégio, aquela velha chata, e voltamos a normalidade da amizade (com o perdão da rima).

Vencedor: Júnior



Briga número 3

Idade: 10 anos

Adversário: Felipe (apelidado carinhosamente de “Esquisito”)

Motivo: Existia uma brincadeira (não lembro o nome) que proibia que os membros de um determinado grupo de falarem palavrões, sob pena de murros e pontapés para quem soltasse um. Ou seja, se algum falasse “porra”, por exemplo, levava vários socos dos outros membros do grupo. Eu, com a minha boca suja, falei um; o problema é que levei um murro no rosto do Esquisito. Revidei. Brigamos.

Vencedor: Esquisito.


Como você viu, amigo leitor, não sou muito afortunado em combates, rixas, disputas, quebra-pau etc. Sempre levo a pior. Por isso, fujo de um confronto como o diabo foge da cruz, ou como todos os brasileiros fogem de filmes da Xuxa.

Voltando ao início do texto, a batalha do metrô continuou violenta; eu desviei de um pontapé perdido, subi a escada e perdi de vista os combatentes enfurecidos.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Hoje o dia tá difícil

Como a criatividade me abandonou nos últimos dias, postarei um texto feito na aula de “Técnicas de Som e Imagem”, na faculdade. Pedida pelo professor Armando Prazeres, a atividade consistia em escrever uma pequena crônica, escolher uma música que serviria de trilha e finalmente lê-la na frente da sala. Ficou tosco, já vou avisando, mas até que arrancou alguns sorrisinhos constrangidos. Vamos a ela.



Em casa. Às seis da manhã grita minha mãe:
– Acorda. Já tá na hora, vagabundo.
– Calma, mãe.
– Primeira semana de aula e você já quer dormir até mais tarde. É um vagabundo mesmo.


No metrô lotado. Conversando com um idoso; ele fala:
– Porra, eu ganho 350 reais por mês, e ainda pego esse metrô desse jeito. Velho sofre.
– Jovem também.
– Jovem não. Você pode ir pro bar, beber, paquerar.
– E você, não?
– Só paquero na fila do INSS.


No elevador. Conversando com o Danillo.
– Que professor é hoje?
– Espero que não venha falar da economia do Paquistão, ou aquele papo chato de que é preciso estudar e blá blá blá.


Na aula. O professor:
– Vocês terão que fazer uma crônica a partir de uma música que servirá de trilha.
– Ah, tá – respondem os alunos, em coro.


Agora estou aqui na frente. O Danillo de camisa vermelha, o Allan com cara de inteligente e o professor lá atrás tá com a mão no queixo, provavelmente pensando:

– Que idiota esse Leandro.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Coisas boas da vida...

Que nos fazem pensar que existe felicidade:


- Tomar sorvete sabor “diamante negro”, sobretudo se, no final, a gente descobre que há alguns pedacinhos de chocolate.

- Andar às sete da manhã, ventando, sobretudo se balançar seu cabelo; e ouvindo, no mp3, alguma música dos Los Hermanos, ou do Bob Dylan, ou do Johnny Cash.

- Assistir filme no inverno, debaixo das cobertas, e comendo pipoca temperada com Sazon.

- Chegar na faculdade, no dia da prova semestral, e encontrar a turma inteira reunida em mesas, que foram juntadas a fim de se estudar; mas no final descobrir que todos falam de algo que não tem nada a ver com a maldita prova.

- Assistir sua série preferida e descobrir que o personagem que você mais gosta morreu afogado; mas, na verdade, você queria que ele morresse; e você admite que, falando francamente, queria ter o sentimento de perda.

- Zoar com um amigo corintiano, sobretudo se o time dele foi rebaixado à segunda divisão.

- Acordar no sofá depois do que, segundo pensamos, passaram-se duas horas; depois descobrir que foram apenas 15 minutos.

- Dormir com o rádio ligado, sobretudo se você acordar no meio da noite e descobrir que tá passando aquela música que tanto gosta.

- Um amigo seu dizer: “Se for a única saída, dois corvos lutarão pela mesma presa.”

- Comer brigadeiro preparado pela avó.

- Mousse de maracujá.

- Bolo de chocolate.

- Pisar em folhas secas.

- Cafuné de mãe.

- Dinheiro dado pela madrinha, ou por aquela tia distante que você vê uma vez no ano. Daí, ela diz: “Toma aí, meu filho, só pra você comprar uns doces.”

- Beber cerveja num bar da Rua Augusta, com dois amigos, um deles fala: “Somos amigos há tanto tempo, né?” E você realmente não lembra a quanto tempo, mas sabe que são muito amigos.

- Beijo de namorada, sobretudo se for em alguma praça, com pombas voando. Daí você diz “Nossa, daqui a pouco uma vai bater em nós." Mas elas não batem, pois não pretendem atrapalhar os pombinhos se beijando.

- Andar de mãos dadas com a garota que você gosta, sobretudo se entram em alguma uma locadora de vídeos, e descobrem que virou uma loja de conveniência. Aí, ela diz: “Aqui era uma locadora, não sei o que aconteceu”. E você fala: “Ah, que pena, vamos comprar chocolate, então?”