sábado, 19 de abril de 2008

Papo de bêbado (e corintiano)

Há coisas que só acontecem no metrô de São Paulo.

Entra um bêbado:
– Aí, moçada, é Curintia!
– Opa, Timão eô – pensei, irônico.
– Vamos lá – ele sentou do meu lado e começou a batucar no vidro do trem.

Bom, o bêbado (e o corintiano) já é figura carimbada em crônicas, e se não fosse a falta de assunto, ele não estaria nessa. Mas fazer o quê?

– O quê? – perguntei para o bêbado depois de ele falar comigo.
– E o Corintia, como tá?
– Mal, por quê?
– O Marcelinho joga hoje?
– Ele não está mais no Corinthians
– Como não?


(Silêncio)


– Agora só falta você dizer que o Zetti não jogou no Curintia?
– Ele também jogou no Corinthians. Aliás, foi o único dos grandes que ele não defendeu.
– Você tá louco, bixo. O Zetti fez vários gols pelo Timão.
– Desculpe, o senhor está confundindo, ele era goleiro.
– Você bebeu hoje, meu filho?


(Silêncio)


– Você sabe, meu filho, na minha época o Corintia era um time bom.
– Sério? Você é das antigas então, né?
– Não muito. Vi Biro-Biro, Basílio, Sócrates, Raí.
– Mas o Raí jogou no São Paulo.
– Claro que não, o Raí era do Timão, meu.
– O Raí, irmão do Sócrates?
– É, aquele que namorava a Xuxa.
– Que eu saiba foi o Pelé que namorou ela.
– Não! O Pelé nem passou no teste do timão, você sabia, né?
– Acho que o senhor se enganou.
– Você que não entende nada de futebol.
– Eu?
– Só pode ser são-paulino mesmo, vai estudar, meu filho.

Eu fui. Afinal, não quero virar bêbado e nem corint, ops...você entendeu.