Ontem, no meio de uma rua Taquari lotada de festeiros universitários, ouvi alguém sussurrar uma pergunta: “E aí, o que você quer da vida?”. A questão, obviamente, não foi dirigida a mim, mas bem que poderia ter sido.
Quero tantas coisas na vida, meu caro. Quero dormir menos, por exemplo, pois enquanto sonho o mundo se realiza; quero perder a razão, às vezes, mas, se eu gritar, não me ouça; quero aprender novas palavras, mas que elas não me prendam, por favor; quero viajar até a lua, só para convidá-la a participar dos meus poemas; quero escrever poemas; quero pensar menos nos romances e ser mais romântico; quero ler Cortázar, Dostoievski e Leminski; quero conquistar a minha vizinha bonita; quero tocar todas as nuvens no céu de seus olhos azuis. Quero acreditar menos nos outros e mais em mim; quero tirar mais fotos, pois no futuro precisarei enxergar o passado; quero me dedicar mais aos amigos, com certeza: ao Ivan, por exemplo, quero explicar que nada apodrece por completo, que sempre sobra algo dentro de nós; à Nathália quero escrever uma carta maneira (ou mineira); quero dizer ao Sato que o último beijo é melhor que o primeiro. Quero você...sim, você que hoje me lê, quero que me leia amanhã também. Não quero dizer adeus, mas quero ir embora e nunca mais voltar. Quero beber menos e ficar mais bêbado; quero insubordinar minhas frases; quero usar menos o “mas”. Mas, mas... Meu caro, só quero mais, só quero mais de tudo um pouco. Quero nada e qualquer coisa!