domingo, 25 de julho de 2010

Currículo

Como vocês não sabem, escrevo para o Jornalirismo, site comandado pelo jornalista e escritor Guilherme Azevedo. Nessa semana, o Guilherme queria atualizar o expediente do site e me pediu para criar um pequeno currículo das minhas atividades. Ou seja, um texto sobre as coisas que andei fazendo nos últimos 21 anos.

Se você me conhece bem, sabe da minha tendência para o deboche e para a falcatrua. Então, depois de mandar um currículo sério para o Guilherme, escrevi este especialmente para o Verbâmidas.

Leandro Machado, jornalista.

Nascido no glorioso fevereiro de 1989, se orgulha de ser um dos poucos remanescente da era do Muro de Berlim. Queria ser comunista, mas preferiu aderir à Coca-Cola e ao Big-Mac. Seus heróis mudaram de armadura, seus inimigos viraram um monstro gigante.

Quando pequeno queria ser poeta, mas a poesia sempre foi muito grande para ele. Decidiu pelo jornalismo para fugir do tédio. Depois descobriu que o tédio é infinito. Como não tinha dinheiro para a faculdade, se inscreveu num programa do governo. Tornou-se um filho do Lula, mas ainda prefere seus pais verdadeiros.

Tem medo de aranhas, ratos, lagartixas e animais do gênero. Sua palavra preferida é “ventoinha”. Adora comer, dormir, beijar e tomar banho. Viveu alguns romances, mas por enquanto não escreveu nenhum.

sábado, 17 de julho de 2010

Vivi

Quem se lembra do Negritude Jr, do Katinguelê, do Pixote, do Molejo, do Karametade e do grupo Desejo? Que se lembra de como eram ruins aquelas rimas com beijo? Rimas com paixão, dor e coração? Quem se lembra do kichute, da bola de plástico, da bala de banana? Quem não se lembra de, pelo menos uma vez, ter xingado a Dona Ana? Sai daqui, velha coroca! Bruxa do 71! Quero mais uma coca, seu Pascoal! Quem não se lembra de, na Copa, ter pintado toda a rua? De ter sonhado com a Tiazinha nua? Quem se lembra do dor do Merthiolate? Queima, queima, queima a fogueira na esquina! A bola bate, a velha grita e eu morro de amores pelas Chiquititas (em especial pela Vivi).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Antônio tem uma musa

Ontem, às 9h37, ao observar uma garota de olhos azuis que estava sentada na Praça dos Almirantes, o poeta Antônio da Silveira, de 27 anos, encontrou o tema para seus novos poemas. A garota não era bonita nem nada. Na verdade, era até feia, se vestia mal e não tinha a formosura que geralmente corre no sangue das musas. Mas o Antônio, consciente de seu ofício de dar palavras belas a coisas ruins, viu nela toda uma junção de características que a transformariam em versos. O poeta, então, parou para olhá-la com maior cuidado, pois é da observação que surge a beleza. A poesia poderia surgir a qualquer momentos era óbvio o seu encanto ao levantar a sobrancelha ou ao mexer o cabelo ou ao dar uma piscadela. Todos os movimentos pareciam durar uma eternidade e, mesmo quando terminados, continuavam a soar no ambiente e aos seus olhos de poeta. O que é a poesia se não tornar eterno algo que já passou? Então, excitado pela proximidade do verso que lhe vinha à mente, Antônio se levantou, pegou uma caneta e, antes que colocasse a primeira palavra no papel, ouviu uma voz.

– Oi – , disse a garota dos olhos azuis.

Antônio viu a moça como se fosse a primeira vez.