terça-feira, 29 de janeiro de 2008

1996, o ano em que virei jornalista

Hoje, dia 29 de janeiro, é o Dia do Jornalista. Parabéns para nós.

(Palmas, por favor)


Desde pequeno, sempre quis ser jornalista. Na primeira série, com sete anos, eu e alguns amigos fizemos um jornalzinho chamado “Gazeta 1,2,3”. Mesmo com pouco tempo de alfabetização, já tínhamos aspirações para repórter.

As matérias eram coisas simples. A minha primeira contava, veja só, a história de um boi que morreu atropelado na estrada. Meu amigo Luciano, quando deu a idéia do jornal, falou:

– Podemos contar qualquer coisa.

Levei a sério. O boi morreu devido a um motorista embriagado, coitado. O ano era 1996, e até hoje morrem pessoas, não bois, fruto da bebedeira alheia.

1996, além da morte do boi, foi conturbado; aconteceram muitas coisas; nós, como jornalistas, noticiamos tudo, é claro, com imagens, quer dizer, desenhos feitos por Cristiano, nosso Editor de Arte.

Só para citar alguns fatos.

- No dia 2 de março, um acidente aéreo matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas.

- Queda do Fokker 100 da Tam, matando 99 pessoas.

- Explosão do shopping de Osasco, matando 42 pessoas.

- Morte de PC Farias.

- Morte de Renato Russo.

- Massacre de Eldorado dos Carajás, onde foram mortos, pela policia militar do estado do Pará, dezenove manifestantes sem-terra.

- Celso Pitta foi eleito prefeito de São Paulo.


Só para você não dizer que só aconteceram desgraças, algumas coisas boas:


- Ano das Olimpíadas de Atlanta.

- A cidade de Varginha é invadida por extraterrestres.

- Novelas “Rei do Gado” e “Explode Coração”.

- O guitarrista Slash anuncia sua saída da banda Guns N’ Roses.

- Palmeiras perde final da Copa de Brasil para o Cruzeiro.

- Eu aprendo a ler.

- Nascimento da Ovelha Dolly (depois ela virou refrigerante)


Só para terminar, um diálogo entre eu e minha mãe no dia da morte dos Mamonas Assassinas.

– Mãe, por que os Mamonas morreram? Por que o Roberto Carlos não morreu no lugar deles?
– Porque ele não estava no avião, meu filho.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Paraná, o Agente Secreto

Meu nome é Paraná Siqueira. Não Paraíba nem Panamá. É Paraná. Não confunda. Estou escrevendo neste Blog a pedido do Leandro, meu vizinho. Ele não é idiota, se implorou para eu escrever aqui é porque tenho o que dizer, ou o que contar.

Sou agente do serviço secreto brasileiro, quer dizer, fui. Saí. Cansei. A vida tava chata; nenhuma guerra, nem missões secretas, nenhum assassinato para eu fazer. Nada. Nos últimos anos, a única coisa que fiz foi treinar novos agentes. Até ensinei algumas técnicas àquele bosta do Capitão Nascimento. Quanta perda de tempo. Que marasmo.

Eu cheguei a sugerir para o Presidente Lula, sim, eu o conheço, aliás, somos grandes amigos, que entrássemos na guerra do Iraque. Não do lado dos Estados Unidos, mas dos iraquianos mesmo. Porra, temos chances contra o poderio americano, sim! Aquelas armas dos ianques não passam de um forno de microondas gigante. Com Paraná na Guerra, estávamos feitos.

Vou contar para vocês, seus calhordas, uma de minhas aventuras como Agente Paraná.

Estava eu numa missão em Berlim, Alemanha (conhece?), lá pelo ano de 1989. O trabalho consistia em matar um traficante brasileiro que havia fugido para lá. O nome dele eu não recordo, só sei que tinha a ver com o canto da praia. Não sei, não guardo nomes.

Dormi num hotel de beira de estrada, Hilton era o nome, sei lá. Não guardo nomes, já disse, porra. Recebi, logo no começo do dia, informações de onde estaria meu alvo, o tal Canto da Praia. Vesti meu terno branco e fui atrás. Coitado, faria picadinho dele. Sou Paraná. Sou foda.

Cheguei ao lugar indicado. Uma rua movimentada. A fonte secreta dizia que o cabra estaria numa barraquinha de pipoca ao lado de um muro. Vendendo drogas, é claro. Ou você pensa que nessas pipocas de rua colocam sal? É tudo droga, rapá, intropecente, digo, entorpecente. Tanto faz.

Mirei o Canto da Praia com a minha bazuca. Bela Bazuca é o apelido. O primeiro tiro falhou. Merda. O segundo também. Que porra é essa, pensei. A Bela Bazuca havia falhado; logo ela que nunca me deixou na mão. Porra.

Vou ter que matar o homem a machadada mesmo, minha segunda arma. Belo Machado é o apelido. Fui lá. Paraná foi. É o seu fim, Canto da Praia. Peguei o Belo Machado, caminhei em direção ao cabra, dei o primeiro golpe; ele desviou, atingi o muro, até fez um buraco. Dei o segundo golpe; ele desviou novamente, atingi o muro a segunda vez: outro buraco.

De repente, um velho barbudo, empolgado com a cena, me roubou o Belo Machado. Velho filho da puta. Ao contrário de me ajudar a matar o Canto da Praia, começou a golpear o muro. Pra que bater naquele monte de pedra?

Nesse meio tempo, o Canto da Praia fugiu sabe-se lá para onde.

Um carinha loiro, sabe como são esses alemães, pegou um pedaço de pau e começou a bater no muro. Pois é. Uma multidão resolveu imitar o velho e o carinha loiro e começou a golpear também. Porra, gente idiota, com o Canto da Praia solto, eles batem nessa merda.

Era 09 de Novembro de 1989, uma missão fracassada, um desastre. Fazer o quê?

Depois derrubaram o tal muro. Quanta perda de tempo.




Outro dia eu volto a essa merda de blog. Se o Leandro, meu vizinho, implorar, é claro. Afinal, Sou Paraná Siqueira, o Agente Secreto.

Porra.