quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Sou apenas um cara olhando o horizonte"

Para um amigo

Ah, se eu fosse um escritor, pensaria num texto lindo, daqueles que descobrem lágrimas nos olhos mais secos, desesperados, tristes e angustiados – aqueles olhos que não têm mais onde procurar ajuda, nem no choro.

Quando estivesse inspirado, minha caneta faria uma crônica que pulasse a Marginal, chegasse ao Minhocão, corresse pela Praça da Sé, entrasse no metrô e, andando mais um pouco, passasse pela Avenida Nova, que eu nem sei onde fica, mas que seria o lugar ideal para ela, a crônica.

E quem sabe, se eu fosse mesmo um escritor, sairia de mim o mais bonito dos romances. E ele seria tão genial, que levaria ao delírio as garotas dos meus sonhos: a Carla, a Bruna, a Roberta, a Karen e até aquela ruiva que me passa todos os dias sem dizer seu nome, me deixando apenas o prazer de contemplar seus passos.

Todos os homens da minha rua ficariam entusiasmados se um dia eu inventasse um personagem inspirado neles. O Mauro morreria de tanto beber, o Paraná tiraria uma perna e o Seu Eriston finalmente engoliria o rancor e chamaria pelo nome a mulher com quem está casado mais ou menos há trinta anos.

E hoje, exatamente hoje, se eu fosse bom com as palavras ou um escritor decente, talvez pegasse as melhores frases de porta de banheiro e as transformasse nos versos mais bonitos da Mooca, só para consolar o meu amigo, que está mal.

4 comentários:

Jefferson Sato disse...

Muitas vezes, mais do que o simples consolo, a melhor das ajudas é a própria presença de uma pessoa. Mentalmente falando, não fisicamente. Estar lá para alguém. Por alguém.

Mais do que ser bom com as palavras, acho que o mais importante é usar elas com sinceridade. Um verdadeiro escritor não é só poético. Até porque, não só na escrita, as coisas mais simples e menos intencionais já falam tudo. E já fazem tudo.

Fico feliz que pense assim, e fiquei contente com o que você me disse no metrô hoje. Aquilo foi importante, e eu sinto o mesmo. Obrigado, meu amigo. Eu sinto o mesmo.

Anônimo disse...

Nossa, que bosta.

Anônimo disse...

Comovente.
O homenageado merece, mesmo.

E você é sim, um bom escritor. =]

Beijo.

Nath disse...

você não será jornalista; será escritor.

acho que sei quem é. Se for quem estou pensando, eu desejaria escrever milhares de crônicas lindas só para ele elogiá-las e depois eu dedicar todas elas a ele.